Saia da Caverninha

Platão já tinha dito. Minha terapeuta também.

Analu
3 min readMar 2, 2022
Foto autoral. Capa para post no Instagram

Sensação de que voltei para um lugar que fez morada no meu mais íntimo ser.

Um lugar de expansão e conexão. Um reconhecimento daquilo que me faltava.

As questões que faço são simples: Por que a falta não se fez presente?
Por que não percebi que a ausência dessa e específica paz?

Ao mesmo tempo, gratidão.
Gratidão por não ter notado e ter me permitido vivenciar uma esfera que era necessária.

Enfurnei dentro de casa, com a tela do computador diante dos olhos com tanta intensidade que mal percebia o que acontecia lá fora.

"Saia da caverninha."
Era a frase que mais escutei da minha terapeuta.

Eu entendia, mas não compreendia.

Colocava meus pés para fora, mas a mente prendia o coração na intensa procura de uma ascensão material. Focada no objetivo de estudar o que mais era preciso, se moldar, se provar para garantir uma estabilidade e futuro mais confortável.
Presa numa percepção e em um sentimento ainda não elaborado. Meu mundo sensível se fortalecia.

Mas o que é a estabilidade senão uma compreensão do equilíbrio entre ser e ter?

"Saia da caverninha."

Comprei um golden. Às vezes me pego rindo dessa decisão tão inconsciente onde justificava com uma desculpinha esfarrapada totalmente compreensível aos olhos dos outros, mas jamais para a verdade oculta da alma.

É irônico saber que por mais que lutava contra sair da caverninha, agora tinha um companheiro que me exigia viver a intensidade da energia vital. Da terra, da água e do social

Vocês já experimentaram soltar um golden em um parque? Ele vai voltar com lama no fuço e com mais 50 amigos, humanos e criaturas. Acredite.

"Saia da caverninha."

O nome do grupo é Rua. Agora temos uma point para ir todo sábado. Cerveja no copo Lagoinha, conversa solta nos seus diversos temas, quatro mulheres com vida diferentes e a noite se transformando em dia.

De vez em quando um ou outro agregado, mas todas as vezes uma intensidade fora do normal.
Começava leve, mas nunca foi leve. Era uma procura de algo que não estava ali.

Pessoas novas, conhecidas durante aquele espaço de tempo. Mas não aquelas. Quer dizer, elas também foram boas, mas estavam em sua própria intensidade vivendo o exagero das ações e consumo.

A visão era a mesma, a rotina era a mesma, o sentimento era o mesmo.
Todo sábado. O mesmo.

Era bom. Mas era só bom.
Era caverna. A minha caverna.

"Saia da caverninha."

Exigi do corpo uma intensidade e explosão.
Bora botar essa bunda para crescer. Faz correto, treina e come direito.
Investe. Investe no corpo material para ver o resultado que procura no espiritual

Permissão para rir da ignorância? Concedida.

"Saia da cavernina."

Análise, autoanálise, análise alheia. Procura no fundo da mente as respostas. Destrincha, chora, alivia, fale, elabore.

Cozinhe.
Ainda não está pronto. Falta algo. Um tempero a mais, uma pitada a mais…

Nunca será perfeito. Sempre vai ter algo a melhorar.

Cozinhe mais, só que no fogo baixo. Uma resistência em deixar pronto. Medo? Talvez…

"Saia da caverninha."

Prato posto, uma reserva feita, um mês fora, contato com natureza e também com as emoções que foram tão discutidas em 11 meses.

Mas não era mais análise e seu entendimento. Era ação.
Assim começo a ver a luz da saída daquela caverna.

E fenda era grande…

Como não vi antes?

Siga @analu.cofe no Instagram e tenha acessos à mais conteúdos de autoconhecimento, visão sistêmica e vida.

--

--

Analu

Sou terapeuta holística e produteira. Você já reparou que é só analisar bem que a solução fica mais simples do que aparenta?